Proposta de Fair Play Financeiro deveria limitar prejuízos dos Clubes | Pluri Consultoria


Proposta de Fair Play Financeiro deveria limitar prejuízos dos Clubes
Por Fernando Ferreira
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Proposta de Fair Play Financeiro deveria limitar prejuízos dos Clubes

Sobre a proposta de Fair Play,

A comissão criada pelos Clubes e CBF apresentou no último domingo um resumo do projeto que trata do parcelamento das dívidas fiscais dos clubes (http://imagens.cbf.com.br/201311/521848769.pdf), condição básica para uma reestruturação do futebol Brasileiro. Como avanço, o projeto substiui o Proforte, absurda iniciativa que previa a anistia das dívidas de clubes e Federações. Também prevê uma coerente vinculação entre o valor das receitas dos clubes e o montante das parcelas de amortização da dívida. Para ter direito e manter o financiamento, os clubes terão que apresentar as Certidões de quitação dos tributos, e manter os salários dos jogadores em dia.

Pretensiosamente auto-intitulado como a “Definitiva moralização do Futebol”, o projeto peca principalmente no que se refere às contrapartidas. Obrigar os clubes a apresentar CNDs de quitação de impostos é melhor do que nada, mas não resolve o problema, já que apenas 48% do endividamento geral dos 25 maiores clubes se referem a dívidas tributárias + trabalhistas. Os outros 52% se referem a compromissos com fornecedores, funcionários, prestadores de serviços, instituições financeiras, parceiros comerciais, etc. Ou seja, propõe-se fechar um pouco a torneira, mas ela continuará aberta. Portanto, se quisermos realmente moralizar o futebol, é preciso se concentrar principalmente no resultado final do balanço, colocando-se limites claros aos prejuízos frequentes que os clubes Brasileiros apresentam em seus balanços, e que são a causa final do endividamento.

Além disso, há 3 outros importantes pontos:

1) A proposta prevê que os jogadores que estiverem com os salários atrasados devem denunciar os clubes devedores, o que lhe acarretará a perda de pontos no campeonato. É uma situação absurda, pois expõe o jogador ao julgamento do próprio torcedor. Mais sensato é colocar a obrigação da comprovação do pagamento como responsabilidade do clube;

2) A definição de salários apresentada permite que os clubes lancem mão de “contabilidade criativa” para driblar as restrições;

3) Não foi incluída a responsabilização dos dirigentes pelo não cumprimento do que foi acordado.

Abraço a todos.