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Na série de relatórios sobre a Taça Libertadores
que divulgamos semana
passada, os números mostram a hegemonia do futebol brasileiro em termos de
valores dos elencos dos times participantes. As 6 equipes brasileiras são as
mais valiosas do campeonato, representando 44% do valor de mercado total. Ao
mesmo tempo, a lista dos 25 jogadores mais valiosos conta com 16 brasileiros, e
entre os 10 mais, 9 são daqui. Em conversas com colegas jornalistas após a divulgação
do Estudo, surgiu uma inevitável questão: 
Ok, temos realmente o poderio
econômico no futebol da América Latina, mas porque isso não se traduz em uma
superioridade  mais visível dentro de
campo? Talvez seja um pouco cedo para um julgamento, mas o passado recente
(participação dos times brasileiros na última sul-americana e Libertadores,
Santos como exceção) e o começo de nossa atual participação sugerem uma vida
dura para os Times brasileiros em 2012.

De volta à pergunta, temos dois caminhos para tentar
respondela. No primeiro, vamos lançar mão do lugar-comum: “o futebol é diferente”,
“essa é a graça do futebol”, “futebol é uma caixinha de surpresa”, etc, etc.
Colocando os velhos chavões de lado, podemos passar para a segunda opção e
levantar outras hipóteses, a começar pela tão falada queda na qualidade técnica
do futebol brasileiro. Neymar (o “fora da curva”) à parte, de fato passamos
hoje por uma espécie de HIATO DE TALENTO no futebol Brasileiro. O PAINEL PLURI
FUTEBOL divulgado no fim de 2011 mostrou que poucos jogadores do Brasil aparecem
na lista dos mais valiosos do mundo, e os que mais se destacam são
defensores.  Mas não podemos negar que, se em termos mundiais a maré não anda muito
boa para nós, ao menos em nosso continente não há muito espaço para comparação.
Por questões econômicas já descritas em relatórios anteriores, estamos em melhores
condições de manter alguns de nossos principais jogadores por aqui, o que
permite que nossos times disputem a Libertadores com jogadores de destaque em
seus elencos, como Neymar, Ganso, Leandro Damião, Oscar, Dedé, Paulinho, Wagner
Love, Thiago Neves, Fred, etc.

Ao mesmo tempo, por não ter a mesma força
econômica, nossos vizinhos tem mais dificuldade em manter seus principais
jogadores, o que enfraquece até mesmo grifes como Boca Juniors. Um bom exemplo é
o caso de Eduardo Vargas da Universidad de Chile, destaque da última Sul-americana,
e que foi rapidamente vendido (barato!) para o Napoli por 11 milhões de Euros. 

Então, se nosso problema não são as peças que
entram em campo, o que está acontecendo? Um
APAGÃO TÁTICO. Não há nada de novo sendo produzido pelos técnicos
Brasileiros. Pior, não temos conseguido sequer copiar o que vem ocorrendo lá
fora, onde se joga atualmente um futebol mais bonito.  Os jogadores brasileiros são pouco eficientes
taticamente, praticam um futebol burocrático, caracterizado por muito
individualismo, enormes espaços vazios em campo e excessiva lentidão (ou
correria desenfreada). Além disso, atualmente somos campeões mundiais em
faltas, catimba, simulação e reclamação com o juiz. Tudo isso deveria ser
corrigido pelas comissões técnicas, e monitorado de perto pelos clubes, que
deveriam valorizar a venda de um produto de melhor qualidade a seus consumidores
(torcedores).

Talvez
seja hora de reavaliarmos alguns preconceitos (sim, eles existem) e aumentar
nosso intercâmbio com o resto do mundo, até mesmo como forma de arejar o
ambiente futebolístico nacional.
Somos ainda um país muito fechado, com cerca de 5% dos jogadores estrangeiros
atuando nos times da série A, o menor nível entre as 60 maiores ligas do
mundo.  Se queremos que nossos clubes sejam fortes e competitivos a nível
internacional, é preciso aumentar nosso intercâmbio com outros mercados, como
ocorre em qualquer segmento. É fato que está ocorrendo por aqui uma clara
tendência de aumento da “importação” de jogadores latinos pelos times
brasileiros, e essa é uma boa notícia em termos técnicos, táticos e
financeiros 
(http://globoesporte.globo.com/programas/esporteespetacular/noticia/2012/02/cada-quatro-dias-um-sul-americano-chega-ao-brasil-para-jogar-futebol.html).  Mas que
tal avançarmos um passo e também ampliar a presença de técnicos estrangeiros?
Ou estamos satisfeitos com o cenário atual?

Fernando Pinto Ferreira – fernando@pluriconsultoria.com.br – twitter:
@pluriconsult   @fernandopluri

 

Veja também:

Valor dos 32 TIMES da Libertadores:

http://www.pluriconsultoria.com.br/relatorio.php?segmento=sport&id=58

Os 25 jogadores mais valiosos da
Libertadores:

http://www.pluriconsultoria.com.br/relatorio.php?segmento=sport&id=60

Nº de Jogadores estrangeiros cresceu
31% em 2012:

http://www.pluriconsultoria.com.br/relatorio.php?segmento=sport&id=54

Painel PLURI Futebol 2011:

http://www.pluriconsultoria.com.br/relatorio.php?segmento=sport&id=31