Dinheiro refaz a relação de força entre torcidas | Pluri Consultoria


Dinheiro refaz a relação de força entre torcidas
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Dinheiro refaz a relação de força entre torcidas
Estudo mostra que números absolutos de fãs não representam maior receita para os clubes. Lógica eleva o ranking dos times paranaenses


Publicado em 26/02/2012 | CÍCERO BITTENCOURT, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO

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Mesmo menores em número absolutos em relação aos times de São Paulo e Rio de Janeiro, as torcidas dos clubes paranaenses estão entre as que mais possuem potencial de consumo para gastar com produtos de seus times.
De acordo com o levantamento feito pela Pluri Consultoria, os torcedores de Atlético, Coritiba e Paraná estão entre os mais capazes a comprar itens relacionados ao seu time do coração.
Ao todo, os seguidores do trio curitibano estão dispostos a investir R$ 50 milhões por mês em ingressos, produtos licenciados e eventos relacionados à marca de seus clubes.
“Não existe um ‘fanatinômetro’, mas podemos ter indicadores de quanto o torcedor está preparado para gastar com o seu time”, explicou Fernando Pereira, sócio da empresa autora da sondagem.
No ranking, a dupla Atletiba está atrás apenas dos considerados “12 grandes”. O Atlético aparece em 13.º, com R$ 23.490 milhões de potencial de consumo, seguido do Coritiba, que aparece em 14.º, com R$ 21.974 mi­­. O Paraná é o 27.º, com R$ 5.480 milhões mensais.
Cada atleticano se compromete a dispender, em média, R$ 19,77 por mês com o clube. No Coxa, o valor é um pouco maior: R$ 20,75. A troca de posição ocorre porque o estudo levou em conta a posição geográfica e as diferenças socioeconômicas das localidades.
“Nossos cálculos nos mostram números mais elevados. Nossa torcida está crescendo exponencialmente e a prova disso é que temos o quinto maior quadro de sócios do Brasil”, declarou o gerente de mar­­keting do Coritiba, Oliver Seitz, contestando a metodologia.
No Tricolor, mesmo com os resultados ruins em campo, cada paranista gastaria R$ 18,09 a cada 30 dias para fervilhar os combalidos cofres do clube.
“A gente fica satisfeito com esses números. Mostra que o Pa­­raná é um time grande e que mesmo sofrendo tanto, ainda é relevante no cenário nacional”, afirmou o vice-presidente de marketing do clube, Vladimir Carvalho.
A pesquisa, inédita no Brasil, mostra que para os cofres dos clubes existe uma nova fórmula de faturamento: mais importante do que ter uma torcida numerosa é contar com fãs concentrados em federações mais abastadas.
“Mesmo tendo uma torcida duas vezes menor que Bahia e Sport, por exemplo, Atlético e Coritiba possuem um potencial de consumo maior. Isso porque a renda média dos torcedores paranaenses é maior e eles se mostram mais abertos a gastar com os times”, ponderou o sócio da Pluri.
O levantamento, realizado entre os dias 23 e 27 de janeiro, entrevistou 10.545 torcedores em 144 cidades. Para chegar ao valor que cada pessoa está a fim de investir no clube, foram calculados o número de fãs de cada time e em que localidades estão.
Após mensurar o tamanho de cada “massa”, foram utilizados dados de 2010 do Instituto Brasi­­leiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicam qual a remuneração média de cada cidadão nas cidades em que os times possuem simpatizantes.
“Pegamos esses números e complementamos com quanto cada família está disposta a gastar com atividades desportivas. Aí chegamos a um índice de propensão ao consumo do torcedor”, informou Pereira.
De acordo com os resultados da pesquisa, os clubes brasileiros deixam de arrecadar bilhões de reais por ano por não saber aproveitar corretamente a pré-disposição dos torcedores em gastar dinheiro com os seus times.
“O torcedor não é tratado como cliente, como um consumidor. Ele é obrigado a ir a um jogo em local horroroso, não pode levar mulher, corre o risco de apanhar e ainda vê uma partida de péssima qualidade. O futebol precisa ser tratado como espetáculo”, garantiu o autor do estudo.
Só em 2010, R$ 200 milhões foram jogados pelo ralo em ingressos não vendidos durante o Brasileiro. O valor equivale ao faturamento anual do Corinthians. “É como uma indústria ter capacidade de produção de 100 e produzir só 40. É preciso levar as famílias para o estádio para aumentar as receitas, mas com o ambiente que se tem hoje nos estádios é impossível”, lamentou ele.
Apesar do “desperdício”, Atlético e Coritiba estão entre os que mais se vendem. Nos últimos 12 meses, 13% dos coxas adquiriram algum produto relacionado ao Alviverde. No Atlético, o valor é de 10%, acima da média dos clubes brasileiros, que é de 9,3%.
“O produto futebol precisa ser degustado. Cabe aos clubes encontrar formas para atrair esse público ocioso e que está apto por consumir”, encerra Pereira.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/conteudo.phtml?tl=1&id=1227332&tit=Dinheiro-refaz-a-relacao-de-forca-entre-torcidas