Escancarando o Campeonato Carioca | Pluri Consultoria


Escancarando o Campeonato Carioca
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Escancarando o Campeonato Carioca
Carlos Molinari

Boavista x Duque de Caxias. Foto: Divulgação
Recebi o balanço feito pela Pluri Consultoria sobre o último Campeonato Carioca. O trabalho é direto, óbvio e baseado nos borderôs que a Federação é obrigada a publicar em seu site, por força do Estatuto do Torcedor.
A rede de consultoria chega a uma conclusão simples: o Campeonato Carioca da 1ª Divisão é deficitário, só gera algum lucro para quatro equipes e prejuízo para outras 12. Curiosamente, o Friburguense aparece entre os que lucraram e o Fluminense está no rol dos que levaram prejuízo.
Alguns dados são interessantes. Dos 126 jogos, em 73 deles (58%), o público pagante foi inferior a mil pessoas. E as gratuidades, concedidas por força da lei, foram responsáveis por 26% do público presente nas partidas.
O estudo, porém, não analisa que em alguns jogos do Boavista, a própria diretoria do clube comprou uma pequena carga de ingressos para distribuir, fazendo com que o “público pagante” chegasse a 150 pessoas. Ou seja, dinheiro do próprio Boavista para se conseguir um mínimo de ingressos “vendidos”. Mais prejuízo ainda.
Pegando como exemplo o que está escrito nos borderôs (que muita gente diz que são “maquiados”), é possível entender que os gastos com um jogo em si superam em muito o que a bilheteria arrecada. O Bangu, por exemplo, fez sete partidas como mandante. Em cada uma delas, acumulou um prejuízo de 7.500 reais, totalizando 53 mil reais de prejuízo ao término do Campeonato.
O balanço também cita a ausência do Engenhão como fator primordial para que as rendas caíssem consideravelmente na Taça Rio e para os fiascos de público nas semifinais entre Botafogo x Resende e Fluminense x Volta Redonda. Aliás, o maior público de todo o Campeonato não passou de 32 mil pessoas que foram ver a final da Taça Guanabara entre Botafogo x Vasco. Público que, nos bons tempos do Campeonato Carioca, era considerado extremamente regular.
A Pluri Consultoria vai além. Abre o seu relatório vaticinando o fim dos Campeonatos Estaduais: “Os torcedores, por diversas razões, estão a ponto de ignorar completamente a sua existência, deixando ainda mais clara a falência destas competições no formato atual”.
Para o analista Éverton Oliveira, que fez a pesquisa, o seu trabalho desmistifica a tese de que os “pequenos” dependem da receita dos jogos contra os “grandes”. De fato, quando um “pequeno” vai enfrentar um “grande” dificilmente pode atuar em seu próprio estádio. Tem que alugar um outro campo, arcar com hospedagem (em alguns casos), deslocamento. E leva prejuízo também.
Enfim, o que “salva” os times do Campeonato Carioca são as cotas de TV. Para alguns clubes, esse valor não chegou a 1 milhão de reais. Cada ano, com a desvalorização da fórmula, esse valor tende a ficar menor.
Os times “pequenos” do Rio, que não podem depender da prefeitura, amargam problemas imensos de caixa neste ano de 2013. As equipes do interior ainda podem aparecer de “pires na mão” na porta de suas prefeituras. Aquele apoio fundamental para que o clube divulgue o nome da cidade por aí a fora.
A Federação continua impávida, com sua sede luxuosa recém-reformada pela Construtora Martinelli (pertencente a um dos vice-presidentes da própria Federação). As taxas continuam pesadas sobre os clubes da 2ª e da 3ª Divisão. Tudo é taxa. Paga-se para inscrever um atleta, paga-se para conseguir um laudo técnico, paga-se para acionar a Justiça Desportiva.
E, assim, explica-se, em parte, a falência de muitos clubes do estado, explica-se o calote que muitos funcionários e jogadores levam todo ano e explica-se o desinteresse que isso gera no torcedor por esse campeonato, que deveria ser o “mais charmoso do país”.
Soluções? Sugestões? Enviem para o ouvidor da FFERJ, que ganha por mês mais que o dobro do que o Friburguense lucrou neste Campeonato…