A inflação nos ingressos de futebol: preço aumentou 300% nos últimos 10 anos | Pluri Consultoria


A inflação nos ingressos de futebol: preço aumentou 300% nos últimos 10 anos
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Inflação nos ingressos de futebol: preço aumentou 300% nos últimos 10 anos
Inflação nos ingressos de futebol: preço aumentou 300% nos últimos 10 anos

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11/04/2013 18:59:00 

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A conclusão é resultado de um estudo realizado pela Pluri Consultoria
Estudo divulgado hoje mostra que o preço dos ingressos para o futebol aumentou 300% nos últimos 10 anos. Quem realizou o trabalho foi a Pluri Consultoria.

Em comparação, a inflação foi de 73%, o aumento da Cesta Básica foi de 84% e o salário mínimo subiu 183%. O preço do Big Mac, que também consta do comparativo, subiu 128%. A renda média do trabalhador teve um acréscimo de 37% e a gasolina, de 30%.

Convertendo a moeda brasileira para dólares e euros, a inflação dos ingressos é ainda maior: 506% e 594%, respectivamente.

As conclusões da consultoria também comentam “que essa alta ocorreu em um ambiente de jogos de baixa qualidade, disputados em estádios em situação precária. Ou seja, oferece-se um produto de qualidade cada vez pior, a preços crescentes, em um cenário em que as opções de entretenimento para o torcedor são cada vez maiores”.

“Encher o estádio deveria ser prioridade total do clube, mesmo que para isso seja necessário praticar preços de ingressos mais baixos inicialmente”.

“Sabemos que há uma correlação direta entre interesse de mídia e de patrocinadores, com jogos em estádios cheios (e o inverso também é verdadeiro, atenção!). Portanto, ‘casa cheia’ potencializa outras receitas dos clubes”, continua o relatório da empresa.

Confira abaixo a íntegra do relatório da Pluri Consultoria.

Considerações da Pluri
– O preço dos ingressos mais baratos subiu 300% nos últimos 10 anos, período em que a inflação (medida pelo IPCA-IBGE) foi de 73%, a Cesta Básica subiu 84% e o Salário mínimo aumentou 183%;
– Quando convertemos o preço dos ingressos para US$, a alta foi ainda maior, de 506% no período, e em Euros atingiu 594%. Isso ocorreu pela valorização do Real frente a essas moedas no período;
– Apesar de entendermos que o preço dos ingressos não é o único responsável pelo esvaziamento dos estádios brasileiros, certamente é um dos mais relevantes, como mostramos em relatório recente (Os 17 motivos para os torcedores não irem aos estádios);
– Não cabe aqui a discussão sobre a futura política de preços a ser praticada nos novos estádios brasileiros ou uma suposta tentativa de elitização em andamento, mas apenas uma constatação de que essa alta ocorreu em um ambiente de jogos de baixa qualidade, disputados em estádios em situação precária. Ou seja, oferece-se um produto de qualidade cada vez pior, a preços crescentes, em um cenário em que as opções de entretenimento para o torcedor são cada vez maiores;
– Alguns argumentos tentam justificar essa estranha situação. Um deles é a de que os preços baixos “desvalorizam o produto”. Mas tem algo pior para o futebol do que um jogo ruim disputado em estádio vazio?;
– Outro argumento utilizado com freqüência é o de que são necessários ingressos mais caros em função do aumento do custo do futebol no período. Ótimo, só esqueceram de perguntar ao torcedor se ele concorda em pagar essa conta, e está claro que ele não concorda. Aliás, lembrando sempre que esse torcedor é um cliente;
– Tem também o argumento de que o preço tem que ser alto para estimular o torcedor a se tornar sócio do clube. Isso funciona apenas para uma parcela de torcedores, e costuma estar diretamente atrelado ao momento do time. Ou seja, quando a fase é boa, o estádio enche, quando é ruim, volta a ficar vazio. Ingressos proibitivos não permitem que o torcedor crie vínculos com o time e desenvolva, com o tempo o desejo de se tornar sócio não apenas pela vantagem financeira, mas também pela experiência de ir ao jogo. Com isso ele se mantém afastado, assistindo de casa, afinal é mais barato e confortável. E vai se afastando cada vez mais do seu time;
– Além da vantagem do preço, é a perspectiva de não conseguir lugar disponível nos estádios que leva o torcedor a se associar ao clube. A Europa tem exemplos de sobra neste sentido;
– De fato, alguns clubes tem sido bem sucedidos em aumentar o preço dos ingressos e mesmo assim ter alta demanda, é o caso de Atlético-MG e Corinthians. São exceções que confirmam a regra. A maioria esmagadora trabalha com a rotina de estádios quase desertos;
– Ao praticar pecos tão altos, o torcedor toma uma decisão racional de consumo, escolhendo ir apenas aos jogos mais importantes. Isso explica a grande quantidade de partidas com público muito baixo, e a presença de público maior em um ou dois jogos, geralmente as finais, já que nem os clássicos conseguem mais mobilizar os torcedores;
– Já que é possível provar que o torcedor “escolhe” os jogos que ele vai assistir no estádio (há dados para isso), porque não se pratica uma política de preços agressivamente flexível no Brasil, ajustando os preços à qualidade e importância dos jogos? Algo semelhante ao que se faz com o preço das passagens aéreas? Ou, porque não se faz como é comum na Europa, com classes de jogos com preços diferentes? Exemplo: jogos comuns de campeonatos estaduais deveriam ter “grande” desconto;
– Encher o estádio deveria ser prioridade total do clube, mesmo que para isso seja necessário praticar preços de ingressos mais baixos inicialmente. Sabemos que há uma correlação direta entre interesse de mídia e de patrocinadores, com jogos em estádios cheios (e o inverso também é verdadeiro, atenção!). Portanto, “casa cheia” potencializa outras receitas dos clubes. E o aumento da demanda leva à escassez, que aí sim, permite o aumento de preços;
– Apesar do crescimento econômico verificado nesta última década, nunca é demais lembrar que o Brasil continua a ser um país de salário mínimo de R$ 678, e renda per capita equivalente a cerca de 1/3 da europeia;
– Existe um preço de equilíbrio que ajusta oferta e demanda de um produto. No Brasil o preço dos ingressos não é decidido tendo como base nenhum tipo de estudo ou análise mais profunda (‘pricing”), e sim por uma simples arbitragem feita por dirigentes de federações e clubes. É certo, porém, que estamos fora desse preço de equilíbrio, não fosse por isso os estádios não eram tão vazios;
– O Futebol Brasileiro revogou a Lei da oferta e da procura. Por aqui, quanto mais vazio os estádios ficam, mais o preço dos ingressos sobe.

Fonte: http://www.goal.com/br/news/3599/futebol-nacional/2013/04/11/3896714/infla%C3%A7%C3%A3o-nos-ingressos-de-futebol-pre%C3%A7o-aumentou-300-nos-%C3%BAltimos-?source=breakingnews&ICID=HP_BN_1