Com prejuízo financeiro, Flu se sustenta com patrocínio recorde na fase mais gloriosa da história | Pluri Consultoria


Com prejuízo financeiro, Flu se sustenta com patrocínio recorde na fase mais gloriosa da história
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Com prejuízo financeiro, Flu se sustenta com patrocínio recorde na fase mais gloriosa da históriaPor Tiago Leme, do Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br
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Campeão brasileiro de 2012, o Fluminense acumula prejuízos financeiros nos últimos anos. Em 2011, entre os clubes grandes do país, foi o que teve menor crescimento nas receitas. Mesmo assim, o Tricolor carioca vive a fase mais gloriosa de sua história. Os títulos e o elenco recheado de craque se devem principalmente a um patrocínio recorde no país que está junto com a equipe desde 1998: a Unimed, ou mais especificamente Celso Barros, presidente da empresa no Rio de Janeiro e torcedor apaixonado do Flu.

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Torcedor do Flu, Celso Barros é o presidente da Unimed-Rio
Torcedor do Flu, Celso Barros é presidente da Unimed-Rio
Segundo balanços oficiais do clube, entre 2009 e 2011 o Fluminense sempre teve prejuízo. Só nesse período, o rombo foi de R$ 110 milhões, enquanto a dívida total bate nos R$ 405 milhões. Desde 2008, de acordo com estudo da Pluri Consultoria, o Tricolor aumentou em R$ 14 milhões o faturamento anual, pouco se comparado à maioria dos times. O Atlético-MG, por exemplo, cresceu em R$ 43 milhões.

“Nosso presidente (Peter Siemsen) está trabalhando em cima desses números negativos, mas não existe só o futebol no clube. E não foi gerada nenhuma dívida nova neste período, o clube está respirando melhor a cada ano e tentando aumentar as receitas. O problema de todos os clubes brasileiros é o passivo, e estamos administrando isso. Se não houvesse o passivo, quase todos os clubes do país trabalhariam com superávit”, explicou Rodrigo Caetano, diretor executivo de futebol do Flu, em entrevista ao ESPN.com.br.

Mesmo assim, o Fluminense segue contratando jogadores de nível e vem se mantendo no topo do futebol brasileiro. A arrancada começou em 2009, quando o time foi vice-campeão da Libertadores, ao perder a final para a LDU-EQU, e no segundo semestre conseguiu uma virada heroica e se livrou do rebaixamento no Brasileirão. A partir daí, o time de guerreiros manteve a ascensão, foi campeão brasileiro em 2010, conquistou o Carioca e o tetracampeonato do Brasileirão na atual temporada e vai disputar a Libertadores pela terceira vez seguida em 2013.

Enquanto outras equipes do Brasil geralmente comemoram o acerto de um patrocinador para a camisa por apenas dois anos, a Unimed é parceira do Fluminense há 14 anos, desde quando o clube caiu para a Série C. O dinheiro investido pela parceira é o grande responsável pelos resultados positivos, apesar do prejuízo financeiro nas contas do Flu. Os números não são divulgados pelas partes, mas estima-se que durante todo este período a empresa já gastou cerca de R$ 300 milhões. Em 2012, a Unimed investiu mais de R$ 20 milhões só em contratações. A parceira banca o salário dos principais jogadores, como Fred, Thiago Neves e Deco, por exemplo. Dos R$ 7,5 milhões por mês gastos com o elenco campeão brasileiro de 2012, a Unimed paga mais de 80%.

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Thiago Neves e Fred, estrelas do elenco tricolor, são bancados no clube com o dinheiro da Unimed
Thiago Neves e Fred, estrelas do elenco tricolor, são bancados no clube com o dinheiro da Unimed 
Mas a Unimed é mais do que um simples patrocinador do clube das Laranjeiras, muito em função de seu presidente. Aos 60 anos, o médico Celso Barros comanda a empresa, vai aos jogos e tem uma relação muito próxima com dirigentes, treinadores e até mesmo alguns jogadores tricolores. Torcedor do Fluminense, ele injeta dinheiro em contratações, pagamento de salários e premiações. Para se ter uma ideia, no voo de volta do time campeão brasileiro no último domingo, de Presidente Prudente para o Rio de Janeiro, enquanto cantavam o nome de todos do grupo, os atletas chegaram a fazer gritos de guerra em homenagem à empresa: “P… que pariu, é o melhor patrocínio do Brasil, Unimed”.

Discreto, Celso Barros evita falar abertamente de mais detalhes sobre a relação entre Unimed e Fluminense, mas explica um dos motivos do sucesso desta parceria.

“Acho que a necessidade de profissionalizar uma empresa e o futebol é a mesma coisa. Acho que tivemos um grande diretor que entendia de futebol, que era o Branco, e fomos campeões da Copa do Brasil de 2007. Agora temos o Rodrigo Caetano, que para mim é um grande diretor executivo, talvez hoje o melhor do Brasil. Isso é a profissionalização da gestão, a empresa tem que funcionar como um time, de forma organizada, compacta, tentando obter os melhores resultados. O que acontece com o Fluminense é isso, com alguns outros clubes brasileiros também, e eu espero que isso possa se estender para todo o futebol brasileiro”, disse Celso Barros, á Rádio Estadão ESPN.

Questionado sobre os benefícios da parceria com a empresa médica, Rodrigo Caetano destacou o ótimo relacionamento entre as partes e ignorou qualquer tipo de críticas que clubes adversários fazem pela forma como acontece o envolvimento dos dois lados.

“O patrocínio da Unimed hoje é fundamental ao Fluminense, é um patrocínio invejado e desejado por muitos. Não só pelo valor, mas pela fidelidade de 14 anos que já existe essa relação, que só traz benefícios ao clube. Hoje, qualquer clube rival tem dois desejos: ter a Unimed e que o Fluminense não tenha mais a Unimed”, afirmou o diretor executivo tricolor. 

Mas se o casamento entre Fluminense e Unimed atualmente rende frutos ao clube, o torcedor tricolor pode se perguntar: ‘Mas o que acontecerá com o Flu se um dia essa parceria terminar?’ Sem demonstrar preocupação com hipóteses, o dirigente do Tricolor deu a sua resposta.

“Não vou falar em tese, não vou fazer projeções. Não adianta querer falar sobre uma coisa que não existe no momento e nem sobre o futuro. Não há motivos para isso. De qualquer forma, a parceria viabiliza ao clube a possibilidade de gerar outros recursos próprios, e estamos fazendo isso”, finalizou Rodrigo Caetano.

Fonte: http://espn.estadao.com.br/noticia/292714_ESPN